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Em maio deste ano, o Banco Central anunciou o investimento no desenvolvimento da moeda digital brasileira. O Real digital, como também ficou conhecido, vem gerando grandes especulações no mercado financeiro sobre seus impactos na economia nacional e, inclusive, internacional.

 

O interesse em adotar versões digitalizadas das moedas é estudado por 86% dos BCs ao redor do mundo, segundo dados do Banco de Compensações Internacionais (BIS).

 

Como justificativa para tamanho interesse, estão as crescentes evoluções nos meios de pagamento eletrônico, finanças e economia. Todos, impulsionados durante a pandemia do Covid-19.

 

Muitos economistas e especialistas defendem enormes benefícios de tal digitalização. Contudo, muitas dúvidas ainda rondam fortemente o tema. Desde questionamentos sobre o fim do dinheiro físico, até sua confusão com as famosas criptomoedas.

 

Mesmo sem ainda uma data determinada para sua entrada em circulação, é importante entender a fundo a proposta do BC e, de que forma irá impactar a economia internacional.

 

Neste texto, exploraremos em detalhes as características da moeda digital brasileira, seus benefícios e o que poderemos esperar.

 

Antes, confira os tópicos que serão abordados:

 

  • Moeda digital brasileira: o que é?
  • Qual a diferença entre a moeda digital e a criptomoeda?
  • Quais as vantagens da moeda digital?
  • Como funcionará a moeda digital brasileira?
  • O dinheiro físico irá acabar com a moeda digital?

 

Boa leitura.

 

Moeda digital brasileira: o que é?

A moeda digital nada mais é do que a versão online do dinheiro que circula oficialmente em cada país. No Brasil, a CBDC (Central Bank Digital Currency), como ficou conhecida, foi emitida pelo Banco Central com a proposta de digitalizar o Real.

 

A ideia, criada em agosto de 2020, surgiu devido a um interessante contraste econômico em meio aos enormes avanços tecnológicos nos meios de pagamento eletrônico.

 

De acordo com o BC, mesmo diante de tantas tendências, o dinheiro nacional ainda se materializava fortemente em meio físico. O que, de certa forma, incide em limitações não benéficas em um mercado fortemente digitalizado.

 

Portanto, com a criação de uma nova moeda digital, os brasileiros teriam à disposição outras possibilidades de interagir com seu dinheiro, de forma completamente digital.

 

Em outros países como a China e os Estados Unidos, a vigência de uma moeda digital também está em discussão constante. Contudo, sua implementação depende de inúmeros fatores pautados na tecnologia que será empregada em sua circulação.

 

Segundo o diretor do Banco Central, Roberto Campos Neves, a moeda digital brasileira é uma nova forma de representação da moeda já emitida pela autoridade monetária.

 

Contudo, não devem ser confundidas com as criptomoedas, uma vez que possuem diferenças claras em seu desenvolvimento.

 

Qual a diferença entre a moeda digital e a criptomoeda?

Tanto a moeda digital quanto a criptomoeda vivem no mundo digital. Contudo, a principal diferença entre elas é em relação ao emissor e, mais especificamente, em sua centralização.

 

Uma moeda digital é emitida pelo Banco Central de cada país, que decide investir sua produção neste novo modelo digital ao invés de cédulas físicas. Sua emissão é completamente centralizada em uma autoridade nacional, característica que não é vista nas criptomoedas.

 

Elas, por sua vez, são emitidas e distribuídas de forma descentralizada, não dependente ou relacionada a um governo ou banco central. Ao invés, seu controle está em mãos de usuários responsáveis por sua criação.

 

Não existe uma autoridade única responsável por acompanhar as transações de criptomoedas. Dessa forma, precisam ser registradas e validadas pelas pessoas que as detém, as gravando em seus computadores por meio da tecnologia de block chain.

 

Além dessa, outra diferença deve ser destacada. Enquanto as criptomoedas são tratadas como ativos financeiros, as moedas digitais funcionam como o dinheiro tradicional. Ou seja, podem ser utilizadas para diversas tarefas do dia a dia como para o pagamento de contas ou transferências.

 

Segundo o head da CAPCO Digital Lab São Paulo, Manoel Alexandre Bueno da Silva, é graças a essas diferenças de centralização e tratamento tradicional que a moeda digital conquista importantes benefícios em termos de liquidez e transação.

 

Quais as vantagens da moeda digital?

O próprio Banco Central compartilhou as vantagens de se investir em uma moeda digital. Para a autoridade, os principais benefícios envolvem:

 

  • Melhor acompanhamento do dinamismo da evolução tecnológica na economia nacional;
  • Maior eficiência no sistema de pagamentos no varejo;
  • Forte contribuição para o surgimento de novos modelos de negócio e de outras inovações baseadas nos avanços tecnológicos;
  • Favorecimento do desempenho nacional no cenário econômico internacional.

 

Para muitos especialistas, a moeda digital é um complemento, forte e estruturado, na inclusão financeira e digital do país. Além de contribuir para uma maior segurança e redução de custos com a impressão de cédulas, podemos afirmar outras vantagens muito importantes financeiramente.

 

Veja em detalhes:

 

Integração global

Uma das principais vantagens da moeda digital para o Banco Central é sua maior integração global, uma vez que podem ser utilizadas em transações para o mundo inteiro.

 

Sendo analisada por outros países, seu objetivo é facilitar e viabilizar pagamentos transfronteiriços. Mesmo que ainda não tenhamos informações sobre suas taxas de câmbio, é certo que a facilidade da operação pode beneficiar muito um país com vocação exportadora como o Brasil.

 

De toda forma, é importante ressaltar que existe a possibilidade de que ofereça uma certa flexibilidade, visto que o próprio dinheiro físico pode ser negociado a diferentes taxas de câmbio.

 

No Brasil, como exemplo, uma nota de U$1 tem um valor em reais diferente do que em uma transferência internacional. Com base nisso, as cotações também podem variar conforme cada modalidade.

 

Rastreabilidade

Todas as moedas digitais são rastreáveis, o que reduz significativamente as chances de lavagem de dinheiro.

 

Ou seja, qualquer desvio do dinheiro será identificado e solucionado, devido à sua centralização pelo Banco Central. Contribuindo inclusive, para uma menor quantidade de roubos às instituições bancárias.

 

Ainda graças à sua rastreabilidade, o meio ambiente também será beneficiado pela diminuição da impressão de dinheiro físico.

 

Renovação de serviços sem intervenção humana

Por fim, uma excelente vantagem da moeda digital é possibilitar o chamado “dinheiro inteligente”. O termo se refere à renovação de serviços de assinatura sem a necessidade de intervenção humana. Isso claro, mediante certos limites.

 

Em um exemplo prático, pacotes de dados familiares podem ser controlados e administrados diretamente pelos adultos, sem a intermediação de um agente financeiro como é exigido atualmente.

 

Seu uso permitirá uma maior flexibilidade nas negociações, junto com uma melhor adequação dos produtos às necessidades dos consumidores.

 

Como funcionará a moeda digital brasileira?

Cada moeda digital possui suas próprias características, as quais irão variar conforme cada BC. No Brasil, as instruções sobre seu uso foram divulgadas em maio de 2021, abordando os aspectos que deverão ser levados em consideração a partir do momento em que for liberada.

 

Em linhas gerais, o Banco Central determinou que o real digital siga o mesmo modelo do dinheiro físico, com emissão centralizada e intermediada por custodiantes do Sistema Financeiro Nacional (SFN) e do Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB).

 

Ainda, analisada futuramente, a perspectiva é de que a moeda digital brasileira seja amplamente utilizada no varejo, com capacidade para possibilitar operações tanto online quanto offline.

 

Praticamente, isso implicará em um uso rotineiro pela população, ampliando as ofertas e suas diversas aplicações. Em termos mais técnicos, podemos resumir seu funcionamento nas seguintes frentes:

 

  • Integração com os sistemas de pagamentos atuais, permitindo, inclusive, para transações sem conexão com a internet;
  • Necessidade de armazenamento em carteiras digitais de uma instituição financeira, a fim de ser controlado eficientemente;
  • Integração de conexão com instituições bancárias internacionais, viabilização transações entre diferentes países;
  • Foco na tecnologia para fomentar modelos de negócio inovadores que tragam mais eficiência à economia nacional.

 

O dinheiro físico irá acabar com a moeda digital?

O fim do dinheiro físico é uma das dúvidas mais recorrentes sobre a implementação da moeda digital. Contudo, não há necessidade de tal preocupação, pois não há perspectivas de não ser mais usado em um futuro próximo.

 

Em muitas regiões, o dinheiro físico ainda é importante e amplamente utilizado. Por isso, a proposta é que o real digital entre em vigor em conjunto com as cédulas, um complemento sem que gere sua extinção.

 

Na opinião do head do CAPCO, os dois modelos devem conviver por bastante tempo no país. Para ele, uma mudança grande como essa depende de diversos fatores, como a adaptação dos usuários no mercado.

 

Não há como negar os desafios que serão enfrentados, mas mesmo assim, a iniciativa se mostra altamente positiva indo ao encontro da digitalização da população.

 

Conclusão

Mesmo sem uma previsão concreta de sua vigência, a moeda digital brasileira pode trazer mudanças significativas para os meios de pagamento. Não somente em âmbito nacional, mas também no comércio internacional.

 

Com foco de atuação no varejo, qualquer pessoa poderá adquirir tais moedas e utilizá-las em compras rotineiras. Para isso, é necessário entender a fundo suas características a fim de conseguir administrá-los com eficiência.

 

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